No Brasil, o uso de plantas medicinais para tratamentos de saúde, possuem registro antes do descobrimento do país pelos colonizadores. Os índios já eram conhecedores de diversas plantas e utilizavam suas propriedades em benefícios do seu povo.
Durante o período colonial, por volta do século XVI, a forma mais acessível de tratamento para diversos males era a utilização das plantas medicinais. Para todos os males, desde chás até benzimentos e trabalhos espirituais. A crença em utilização de ervas é tão forte, que culturas mais antigas, como religiões afro-brasileiras, utilizam até hoje como base de trabalhos e tratamentos.
A tradição, que em boa partes das vezes, foi ensinada pela sabedoria de avós e avôs, está se tornando cada vez mais popular, sendo aderida por pessoas que buscam tratamentos e curas para diversos problemas de saúde, trabalhos terapêuticos, ou como uma forma de prevenção.
Em Conceição de Ibitipoca é possível encontrar em vários quintais aquele velho e bom canteiro de chás. Os mais antigos em sabedoria e costume não abrem mão do tratamento natural, que é melhor ainda por ser orgânico. Uma das senhoras que mantém aqui essa tradição ainda muito viva é a Dona Tonica. É possível encontrar, em seu quintal, uma grande variedade de ervas medicinais, tais como: hortelã, capim cidreira, malva, alfazema, arruda, arnica (de casa), citronela, alfavaca, guaco, marcelinha, saião e poejo.
A Escola Municipal Francisco Augusto de Oliveira, no distrito vizinho de São Domingos da Bocaina, que fica em torno de 22 kms de Conceição de Ibitipoca, iniciou em meados de 2017, um trabalho desenvolvido pelos alunos do pré ao quinto ano, sob a supervisão da professora Maria Helena, um projeto que resgata o trabalho através de plantas. Os próprios alunos, plantam, colhem, fazem todo o trabalho de secagem e armazenagem e estudam as ervas. Segundo a professora o interesse deles em aprender e aplicar os ensinamentos é muito grande, e que antes do projeto muitos não gostavam de chá, e outros nunca haviam tomado.
Ela se orgulha por poder contribuir para que eles se encantem cada vez mais pelas coisas do meio onde vivem, e por poder contribuir para o crescimento pessoal desses jovens. Como ela mesma conta, “Há um aprendizado significante com relação ao campo e o que se produz. Uma maior valorização do morar e viver na campo. Eles têm consciência que morar no campo é muito bom e pra isso a importância de conhecer o que a terra é capaz de nos proporcionar e principalmente as plantas.”
Eles dominam os ensinamentos e descobertas e ficam felizes por resgatar a cultura por traz dessa forma de tratamento alternativo, que com o passar do tempo, acabou ficando um pouco esquecida, com o crescimento constate do mercado farmacêutico. No caso desses jovens, antes os ensinamentos que a eram passados de pai para filho, hoje são os filhos que ensinam e incentivam, e lembram os pais dos benefícios de tratamentos mais naturais.
Por Josi Nominatto
Convém notar que a Arnica “brasileira” não pode ser usada em chás e bebidas, pois é hepatotóxica, conforme estudo feito pela USP.
http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2007/jusp790/pag06.htm